CRF-RJ repudia declaração de médico no programa Bem Estar

O Conselho Regional de Farmácia do Rio de Janeiro (CRF-RJ) emitiu nota de repúdio contra as declarações desrespeitosas aos farmacêuticos, feitas pelo médico infectologista, Dr. Caio Rosenthal, na edição do dia 17 de julho do programa Bem Estar, exibido na TV Globo.


A nota foi encaminhada ao consultório do referido médico, no intuito de que o DR. Caio Rosenthal se retrate das descabidas declarações feitas no programa. Confira o posicionamento do CRF-RJ:

 

NOTA DE REPÚDIO

 

O CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO RIO DE JANEIRO (CRF-RJ), por meio de seu presidente, diretores e corpo de filiados, vem a público expressar sua indignação diante de referência depreciativa aos farmacêuticos expendida pelo Dr. Caio Rosenthal, no programa Bem Estar da TV Globo, edição de 17/07/ 2017.

Com o conteúdo sobre a prevenção da sífilis e informações inicialmente úteis, o programa cedeu a palavra ao mencionado médico que, na fase conclusiva da matéria jornalística, recomendou acintosamente ao cidadão que, em casos suspeitos de sífilis, não procurasse o farmacêutico, mas um médico, uma vez que o profissional de farmácia “não sabe o que fazer”.

A afirmativa do médico encerra, claramente, uma desafortunada e petulante tentativa de reservar mercado à categoria a que pertence, para cuja construção se vale de um despropósito lamentável no qual está explícita a total ignorância das atribuições do farmacêutico e de sua importância no contexto da saúde pública.

A procura, pelo público, de simples orientação de um farmacêutico, é, ao contrário da desastrada fala do médico, garantia de que a pessoa será orientada e encaminhada em segurança ao profissional especializado na hipótese abordada no programa televisivo.

O farmacêutico, já acostumado a participar de eventos públicos preventivos de doenças, nunca irá avançar nas incumbências profissionais do médico, mas é o mais indicado para encaminhar adequadamente quem o procure, quando a complexidade de uma patologia impuser solução que ultrapasse o âmbito de sua competência funcional.

Essa consciência profissional envolve ética que o farmacêutico, em observância a seu estatuto, prima por respeitar, exatamente ao contrário da infeliz e agressiva manifestação do Dr. Caio Rosenthal, que enxovalhou a ética que sua própria profissão tem o dever de acatar.

O aludido médico deixou de narrar, propositadamente, que a sífilis, a tuberculose e a blenorragia vêm crescendo no mundo todo em grande parte, além do contágio imprudente, pelo abuso de antibióticos receitados por sua categoria, promotora inegável de resistência microbiana incontrolável, capítulo dolorosamente incômodo das doenças iatrofarmacogênicas.

O zelo pela saúde da população, que o entrevistado fez tanta questão de demonstrar através de investida injusta contra o farmacêutico, bem que poderia, com maior proveito, consubstanciar críticas utilíssimas destinadas a seus coirmãos de categoria, protagonistas contumazes de escândalos fundados em variadas e desumanas falcatruas, como a das próteses forçadas, das cirurgias mutilantes, das intervenções desnecessárias (e lucrativas), das prescrições por encomenda e dos diagnósticos errôneos, em meio dos quais a incompetência e a desonestidade ora se alternam, ora caminham gloriosamente irmanadas.

Em razão desse triste espetáculo, em que afirmativas inoportunas se misturaram a omissões deliberadas, não resta a este Conselho Regional de Farmácia do Rio de Janeiro senão repudiar com veemência a atitude do Dr. Caio Rosenthal e o destempero com que maculou seu pronunciamento, prestando um desserviço intempestivo aos telespectadores do programa citado.

Rio de Janeiro, 18/07/2017