Mobilização nacional contra a MP 653/2014

 

 

 A votação da MP 653, que flexibiliza a presença de farmacêuticos em pequenas farmácias e drogarias, foi adiada para a próxima semana depois de manifestações realizadas pela categoria em diversas capitais do país. No Rio, a manifestação, coordenada pelo CRF-RJ em parceria com diretores do Sinfaerj, foi realizada nas escadarias da Câmara de Vereadores do Rio, na Cinelândia. Os profissionais que ali se reuniram demonstraram muita vontade e destemor para derrubar em Brasília a Medida Provisória 653, que se for aprovada vai se tornar um atentado à própria Saúde Pública.

No mesmo instante, Marcus Athila, presidente do CRF-RJ, participava da mobilização em brasília. Segundo ele "Após dois dias em Brasília, posso dizer com muito orgulho que hoje me sinto um farmacêutico muito mais próximo da realização. Agradeço e parabenizo a todos os colegas, acadêmicos e demais profissionais que juntos colocaram a profissão farmacêutica no coração e saíram às ruas se insurgindo contra uma nefasta tentativa de golpe contra a nossa profissão".

Santarém, doutor em farmácia e professor da UFRJ, acredita que as manifestações ocorridas em conjunto em diversas cidades provocaram um recuo e isso pode significar uma grande derrota, em Brasília, de quem pretende dar um golpe na profissão e na população de maneira geral."  Estamos encarando esse adiamento da votação da MP 653 como uma vitória da nossa categoria profissional. Sabemos que as ações realizadas no Brasil inteiro, inclusive no Distrito Federal, de uma certa forma contribuíram para esse adiamento. Entendemos que o risco à Saúde Pública existe porque a votação não foi levada a cabo, mas os farmacêuticos do Rio de Janeiro e dos outros Estados da Federação não vão calar a sua voz", avisou Santarém membro do Conselho Regional de Farmácia do Rio de Janeiro.

 

A manifestação que ocorreu de forma pacífica no Centro do Rio e contou com a participação não só de profissionais experientes, como de vários estudantes de farmácia que desde cedo estão engajados nas lutas e buscas por melhorias na profissão. Entre os diversos alunos universitários, a mais voraz e atenta aos anseios futuros da profissão estava Monique Carmo, de 27 anos. A universitária confessou que não escolheu essa profissão por acaso e vai participar de todas as lutas em prol da sua categoria.


"Eu pesquisei durante um ano tudo sobre a carreira do farmacêutico. Vi que posso contribuir e muito para a Saúde Pública da minha cidade e esse é o meu objetivo maior. Não vou deixar que políticos descomprometidos com a saúde da população aniquilem com profissionais que fazem muito mais pelos brasileiros do que eles", desabafou.


No mesmo espaço da manifestação, duas outras farmacêuticas, Angélica Candido, 28 anos, e Paola Mendes, 33, compartilharam com a posição da estudante Monique. Para elas, o farmacêutico exerce função precípua para a melhoria da Saúde Pública e tem ele a confiança maior dos pacientes, maior até que a confiança no próprio médico que está tratando a doença.


"Eu atendo pacientes que me procuram na drogaria e são fiéis. Eles confiam, na maioria das vezes, mais em mim do que nas informações prescritas pelo médico. Eles se utilizam do nosso trabalho para fechar a consulta, pois falam com a gente o que não têm coragem de revelar para o médico. Por este motivo, o farmacêutico faz toda a diferença dentro dos estabelecimentos de Saúde, ainda que de pequeno porte" garante Paola.

A farmacêutica Angélica, que atua no ramo há quatro anos, garante que essa medida se for aprovada, afeta a vida de milhares de profissionais em médio prazo. "Hoje, eu trabalho numa grande rede e não seria atingida, mas a medida que uma iniciativa torna desnecessária a presença do farmacêutico nas pequenas drogarias, em pouquíssimo tempo, o mercado de trabalho vai estar saturado e o prejuízo na vida de milhares de profissionais pelo país vai ser imenso. Então, vamos lutar contra esse atentado e convido para a próxima terça-feira os colegas da nossa Cidade para virem ao Centro do Rio no intuito de se unir ao nosso Conselho nesta luta para derrubar a MP 653", ressaltou Angélica.

 

Mobilização em brasília foi intensa

 

Marcus Athila relata "Quando me reuni na manhã de terça-feira no CFF, as notícias sobre o relatório do Deputado Manuel Júnior eram horríveis, ele simplesmente aniquilava nossa profissão, desobrigava as farmácias que fossem pequenas e micro-empresas a ter o profissional farmacêutico, entre outras coisas" completa "Saímos, então, para o Congresso Nacional e cada um de nós procurou os representantes de seus estados, gabinete por gabinete, deputados e senadores, colocando a situação dramática e a tentativa de “golpe” que se encaminhava nos bastidores daquela casa".

 

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