Uma equipe internacional começou ensaios clínicos para estudar na África do Sul uma vacina experimental contra o vírus do HIV, causador da Aids, informaram as autoridades de saúde dos Estados Unidos.
A experimentação se baseia nos resultados do teste clínico RV144, conhecido como o "ensaio tailandês", o primeiro estudo que conseguiu reduzir o risco de infecção por HIV mediante uma vacina. Os primeiros resultados do RV144, divulgados em 2009, mostraram que ela tinha alcançado eficácia de 31%.
O novo teste clínico HVTN 100 foi desenvolvido para ampliar a proteção obtida com a vacina tailandesa, que foi modificada para ser adaptada a um subtipo vírus HIV predominante na África do Sul. A testagem será feita, inicialmente, com 252 voluntários, com idades entre 18 e 40 anos, para avaliar a segurança da vacina e para ver se ela produz no sistema imunológico a resposta esperada.
O Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas (Niaid) da rede de Institutos Nacionais de Saúde (NHI) dos Estados Unidos estará a cargo da parte operacional nas duas primeiras fases do teste. Os primeiros resultados estão previstos para saírem em dois anos, informou a instituição.
"Uma vacina segura e eficaz contra o HIV é essencial para conseguir um final sustentado à pandemia da Aids", disse o imunologista e diretor do Niaid, Anthony Fauci, em comunicado.
Para ele, o lançamento do HVTN 100 é um "importante passo" rumo à produção de uma vacina contra o HIV, que teria um "grande impacto" na África do Sul, um dos países mais atingidos pela doença.
O estudo faz parte de uma pesquisa maior, da qual participam diversas organizações públicas e privadas. O objetivo é conseguir, além da vacina, uma melhor compreensão dos cientistas quanto às respostas do sistema imunológico associadas à prevenção da infecção. A pesquisa é liderada por Linda-Gail, diretora-adjunta do Centro de HIV Desmond Tutu da Universidade de Cape Town e chefe de operações da Fundação Desmond Tutu, dedicada ao estudo do HIV na África do Sul.
A diretora da Unidade de Pesquisa Perinatal de HIV do Hospital Chris Hani Baragwanath em Soweto (Johanesburgo), Fátima Laher, co-dirigirá o trabalho. O Niaid e a Fundação Bill e Melinda Gates financiaram o projeto, que é realizado junto com o Conselho de Pesquisas Médicas da África do Sul.