ONU teme que ebola sofra mutação e passe a ser transmitido pelo ar

Pouco antes de o primeiro caso de ebola ter sido diagnosticado nos EUA na última terça-feira (30/9), Anthony Banbury, secretário da missão de emergência da ONU contra a epidemia que assola a África Ocidental, alertou em entrevista ao jornal britânico The Telegraph para o risco de um "cenário de pesadelo" causado por uma mutação no vírus que o torne transmissível também pelo ar, além da tradicional transmissão pelos fluidos corporais. Banbury ressaltou que, quanto mais tempo passa em hospedeiros humanos, maiores são as chances de que o ebola sofra mutações, dificultando ainda mais a contenção do surto.

"Nós nunca vimos nada parecido com isso. Em uma carreira trabalhando com esses tipos de situações, como guerras e desastres naturais, eu nunca vi nada tão sério, perigoso ou de alto risco como esta", disse o secretário. Mais de 3,3 mil pessoas já foram mortas pela doença este ano e mais de sete mil casos foram confirmados. As estimativas são de que o número de infectados esteja dobrando a cada 25 dias.

Banbury assumiu que a comunidade internacional está "um pouco atrasada" na resposta à epidemia, mas acredita que não é tarde demais. O secretário está na Libéria para comandar os esforços da ONU de conter o surto nos próximo três meses. Ele conversou hoje com a imprensa e anunciou que a Austrália acaba de doar mais US$ 10 milhões ao fundo internacional de emergência dedicado à questão, que já conta com quase US$ 50 milhões. "Nós estamos derrubando barreiras burocráticas para fazer as coisas, mas eu não sei se isso vai ser o suficiente. Não quero dar a impressão de que podemos usar uma varinha mágica", disse.

Apesar de o cenário do contágio pelo ar não estar totalmente descartado, os especialistas acreditam que uma mutação destas é altamente improvável. "Nunca houve um vírus transmitido desta maneira [por fluidos corporais] que se converta a um vírus respiratório, e não há evidência de que isso jamais tenha ocorrido na epidemiologia", explica o doutor David Heymann, especialista em doenças infecciosas da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres. Heymann mencionou o vírus da Aids e da Hepatite B como exemplos desta afirmação.

 

Fonte: Galileu