Cerca de 60 pessoas fazem um protesto em frente ao Hospital da Unimed, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, neste sábado (6). A manifestação é organizada pela família da farmacêutica Ana Carolina Domingos Cassino, morta aos 23 anos no último dia 17 de agosto após esperar 25 horas por uma cirurgia de urgência na unidade. Eles cobram posicionamento da Unimed e do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj), que, de acordo com o ex-noivo de Ana, Leandro Farias, não se pronunciaram desde a morte da jovem, e mais rigor das autoridades.
A família de Ana Carolina registrou queixa contra o hospital na terça-feira (2) na delegacia da Barra, que disse que vai instaurar inquérito para investigar o caso. A mãe da jovem, Vanda Cassino, garantiu que os protestos não vão parar.
"Este é o ínicio de uma luta. Estamos esperando uma satisfação. Isso não vai ficar assim. Não quero que outras mães passem pelo que eu estou sofrendo. A gente paga um plano de saúde para usar quando precisamos, mas não tivemos o atendimento que merecíamos", lamentou Vanda.
Também participaram da manifestação membros da Fiocruz, do Conselho de Farmácia e do movimento Basta com Erros Médicos.
Em nota, a Unimed-Rio disse que iniciou o processo de apuração interna por meio da comissão de ética do hospital, mas desde o dia 26 de agosto o caso passou a ser conduzido pela comissão de ética do Cremerj. Confira a nota na íntegra:
"A Unimed-Rio permanece solidária à família de Ana Carolina Cassino e continua empenhada no esclarecimento dos fatos relacionados ao atendimento prestado.
Logo após o falecimento da paciente, o Hospital Unimed-Rio emitiu os pareceres técnicos das Comissões de Prontuário e de Óbitos e iniciou uma apuração interna por meio da Comissão de Ética do Hospital. No entanto, desde o dia 26/8, o caso passou a ser conduzido pela Comissão de Ética do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj), que assumiu a apuração e recebeu do Hospital Unimed-Rio todas as informações necessárias para iniciar o processo.
Em relação ao prontuário médico, sua entrega ocorreu mediante a identificação da representante legal da paciente, de acordo com as normas que regulam o procedimento".
Entenda o caso
A farmacêutica Ana Carolina Domingos Cassino, de 23 anos, morreu enquanto esperava por uma cirurgia de urgência, no Hospital da Unimed, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Ela foi atendida, primeiro, no início da tarde do dia 15 de agosto, em uma unidade médica de emergência da Unimed, também na Barra, com fortes dores na região do abdômen. Após uma tomografia, que revelou que a paciente estava com apendicite, um procedimento cirúrgico foi marcado para 25 horas depois do primeiro atendimento recebido por Ana Carolina. À noite, ela foi transferida para o Hospital da Unimed. No entanto, antes da cirurgia, marcada para o dia 16, o estado de saúde da jovem piorou e os médicos a diagnosticaram com infecção generalizada. Mesmo assim, a cirurgia foi feita, horas depois. De acordo com o gastroenterologista Marco Marcondes, o prazo máximo para realização de cirurgia de apendicite fica entre quatro e seis horas. Após esse período, segundo ele, aumenta consideravelmente o risco de morte do paciente.
Depois da cirurgia, o quadro de infecção generalizada de Ana Carolina não foi estabilizado e ela foi levada para o Centro de Tratamento Intensivo do hospital. Às 5h do dia 17, a paciente sofreu uma parada cardíaca e morreu. O noivo Leandro Farias acusa o hospital de erro médico. Ele e Ana Carolina estavam juntos há sete anos. No início de 2014, o casal realizou o sonho de comprar um apartamento. Leandro lembra emocionado que, na noite anterior à internação, o casal foi a um shopping para ver alianças, pois o casamento estava marcado para dezembro deste ano. "Agora ela foi embora e não ficou nem um ano curtindo a nossa casa, a nossa vida. Ela partiu muito cedo. Eu não sei o que vou fazer da minha vida. Estou na casa dos meus pais e não sei se vou ter coragem de voltar para a nossa casa, porque vou me lembrar dela. Nós fazíamos tudo juntos, tínhamos uma vida toda planejada. Eu estou sem chão", contou, à época da morte de Ana Carolina.