Uma nova pesquisa que tentou calcular o risco de disseminação do vírus da zika na Olimpíada do Rio de Janeiro de 2016 pode tranquilizar os organizadores e cerca de 500 mil atletas e torcedores estrangeiros que visitarão o Brasil, epicentro da epidemia, para os Jogos de agosto.
A controvérsia a respeito da aglomeração de pessoas no evento esportivo cresceu à medida que a doença passou a ser mais conhecida. O vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti causa má-formação cerebral em bebês e foi ligado à doença neurológica conhecida como síndrome de Guillain-Barré em adultos.
Reconhecendo a preocupação, a Organização Mundial da Saúde (OMS) convocou uma reunião de especialistas em zika para avaliar o risco de transmissão representado pela Olimpíada.
O debate tem transcorrido praticamente sem modelos de cálculo do perigo para os turistas presentes aos Jogos. Novas projeções obtidas pela agência de notícias Reuters levam a crer que o risco é pequeno.
Um grupo de pesquisa de São Paulo previu que a Rio 2016 não irá resultar em mais do que 15 infecções de zika entre visitantes estrangeiros, de acordo com dados vistos pela Reuters.
A projeção ecoa a de outro grupo de cientistas brasileiros, também da Universidade de São Paulo (USP), em um estudo publicado no periódico científico Epidemiology & Infection em abril. A análise revelou que a Olimpíada não irá provocar mais do que 16 casos adicionais da doença.
Nenhum estudo tentou medir o risco representado por até mesmo um único espectador da Rio 2016 portando o vírus ao viajar de volta para um país vulnerável -- uma das maiores preocupações que motivaram clamores recentes pelo adiamento ou transferência da sede dos Jogos.
Mas uma equipe de epidemiologistas do governo dos Estados Unidos calculou que os espectadores da Olimpíada representariam 0,25 por cento do risco total de disseminação do zika através de viagens aéreas. A cifra se baseou em dados de 2015 que mostraram que cerca de 240 milhões de pessoas entraram e saíram de áreas que hoje têm um quadro ativo de transmissão.
"Mesmo que os Jogos fossem totalmente interrompidos e a coisa toda fosse cancelada, 99 por cento desse risco ainda estaria presente", disse o doutor Martin Cetron, diretor de migração e quarentena global do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC, na sigla em inglês), em uma entrevista.
As dúvidas a respeito da realização da Rio 2016 surgiram em fevereiro, quando a OMS declarou a zika uma emergência de saúde global baseada em relatos de um surto de microcefalia, uma má-formação craniana em bebês ligada ao vírus, no Brasil. Desde então o país identificou mais de 1.400 casos de microcefalia.
A OMS afirmou que os pedidos de adiamento ou transferência da Olimpíada de 2016 carecem de mérito científico, mas disse que cabe ao Comitê Olímpico Internacional (COI) tomar qualquer decisão sobre mudanças nos Jogos.
Fonte: UOL