Parasita de mais de três mil anos pode ser erradicado neste ano

O verme-da-guiné – um parasita terrível que afetou milhões em países em desenvolvimento, sobretudo no continente africano – pode estar se despedindo do mundo.

O Centro Carter, organização sem fins lucrativos fundada pelo ex-presidente americano Jimmy Carter e por sua esposa Rosalynn Carter, anunciou que documentou apenas 22 casos de dracunculíase – a doença causada pelo verme-da-guiné – em 2015. Isto representa uma queda de 83% em relação ao número de infectados em 2014, ano em que 126 pessoas contraíram a mazela.

A dracunculíase é uma infecção dolorosa e debilitadora, documentada no mundo pela primeira vez há mais de três mil anos. Uma vez que o parasita se acopla no corpo do ser humano, começa a crescer e, em alguns casos, pode chegar a medir um metro.

O método mais comum de remoção do verme-da-guiné, o mesmo aplicado desde que a doença foi encontrada e documentada no Egito, por volta de 1550 a.C., é abrir um buraco na pele e, enrolando-o em algum objeto cirúrgico vertical, retirá-lo aos poucos, num processo que pode durar até uma semana e pode resultar em infecções secundárias na ferida.

O parasita se espalha, em geral, de uma única maneira: uma pessoa percebe em seu corpo uma dolorosa bolha se formando, normalmente nos pés. Assim que estoura a bolha, muitas vezes mergulhando os pés na água para fazer isso, as centenas de larvas do verme-de-guiné se espalham e podem infectar toda uma comunidade. A dracunculíase, por si só, não é uma doença letal, mas é uma infecção dolorosa que impede o doente de realizar tarefas comuns no dia a dia.

De acordo com números do Centro Carter, que estuda e combate a doença há três décadas, apenas vinte vilas em quatro países africanos reportaram casos de infecção, no ano passado. Os infectados foram identificados no Chade, na Etiópia, no Mali e no Sudão do Sul.

Para se ter uma ideia do tamanho do avanço, a OMS estimou que 3,5 milhões de pessoas foram infectadas pelo parasita em 1986. Em 1990, a número caiu para 900 mil infectados. Em 2010, vinte anos depois, eram somente 1,2 mil infectados. Em 2016, a expectativa é que nenhuma pessoa ou animal doméstico contraiam dracunculíase.

 

Fonte: Galileu