Novas vacinas garantem segurança após erradicação da pólio

Uma nova geração de estirpes de vacinas eficazes e incapazes de causar poliomielite após sua erradicação — por liberação acidental ou proposital do vírus — está descrita na última edição da revista “PLOS Pathogens”. Embora a meta de erradicação do vírus da poliomielite esteja no horizonte, há preocupações quanto a fabricação e estocagem de vacinas contendo o vírus vivo, que poderia escapar e repovoar o meio ambiente.

Hoje, cepas vivas atenuadas do vírus carregam mutações genéticas que evitam o desenvolvimento da doença, mas podem — em raros casos — se transformar em vírus ainda mais perigosos que o original. Vacinas inativadas são mais seguras, mas a sua produção envolve o crescimento de grandes quantidades de vírus selvagem que é morto com um produto químico chamado formalina. Para melhorar a segurança, a Organização Mundial de Saúde (OMS) encorajou novos fabricantes a mudar a fonte de vírus inativado de estirpes do tipo selvagem para uma cepa atenuada, batizada Sabin em homenagem ao pioneiro vacina contra a poliomielite.

Argumentando que a cepa Sabin atenuada é instável e, portanto, potencialmente problemática, a equipe de Philip Minor, do Instituto Nacional de Padrões Biológicos e Controle em Potters Bar, no Reino Unido, apresentou dados sobre cepas atenuadas alternativas que eles propõem como uma fonte mais segura para a vacina inativada.

Os investigadores começaram com uma vacina de estirpe Sabin cuja atenuação e reversão tem sido extensivamente estudada e é bem compreendida. Com base neste conhecimento, que modifica uma região específica do RNA viral da maneira prevista por eles, as estirpes resultantes ficariam geneticamente estáveis — isto é, não revertem para o tipo selvagem ou outras formas virulentas. Em seguida, a equipe comparou estas novas estirpes com a linhagem original da vacina Sabin e com a estirpe de tipo selvagem atualmente usada na produção da vacina inativada.

Além de testar a estabilidade genética das novas estirpes, os investigadores examinaram sua capacidade de crescer em cultura de tecidos (necessária para a produção de vacinas), o risco de causar paralisia em ratinhos modificados para transportar um receptor de vírus da poliomielite humano, e se — após inativação — os ratos ficariam de fato imunizados. Em todos estes testes, as novas estirpes se mostraram eficazes, adequadas para a produção em massa, e mais seguro do que as outras alternativas.

Para avaliar se a utilização das novas cepas da vacina são compatíveis com a estratégia pós-erradicação da pólio, os pesquisadores afirmam que o atual plano de ação da OMS “deixa em aberto a opção de avaliação de novos derivativos por um painel de especialistas que irá comparar as novas estirpes às Sabin para avaliar o grau de estabilidade e de atenuação potencial para a transmissão de pessoa para pessoa e de neurovirulência em modelos animais para definir o isolamento imposto que não é especificado”.

Fonte: O Globo