Câmara Legislativa do DF aprova distribuição gratuita de remédios com derivados de maconha

A Câmara Legislativa do Distrito Federal aprovou o projeto que garante a distribuição gratuita de remédios à base de canabidiol, substância derivada da maconha, na rede pública de saúde. Agora, o texto, de autoria do deputado Delmasso, segue para sanção do governador do DF, Rodrigo Rollemberg.

Se aprovado pelo governador, o Distrito Federal será o primeiro no Brasil a liberar o medicamento pelo SUS (Sistema Único de Saúde). No projeto, Delmasso alega que a medicação é de vital importância para o controle das convulsões em pessoas com epilepsia. Ainda segundo ele, atualmente, esses remédios são importados e, com a oscilação do dólar, pode chegar a R$ 3 mil, o que encarece e dificulta o tratamento para milhares de pacientes no Distrito Federal.

— Nós precisamos avançar na legalização das substâncias da maconha para uso medicinal.

Para o deputado, é preciso ampliar a informação quanto à epilepsia e, sobretudo, no acesso à medicamentos e equipamentos.

— O Canabidiol é muito caro e uma família de baixa renda não consegue pagar. Por isso, eu acredito que a rede pública deve incluir o canabidiol na lista de medicamentos de alto custo a serem fornecidos gratuitamente às famílias que necessitam.

Em maio deste ano, a Defensoria Pública conseguiu na Justiça obrigar o GDF (Governo do Distrito Federal) a fornecer o canabidiol para fins medicinais. Só então, Sabrina Azevedo Filgueira, de 8 anos, conseguiu garantir o seu direito. A criança sofre de má-formação no cérebro - o que atrasa o seu desenvolvimento e provoca crises epiléticas. Só o remédio manteve seus ataques sob controle. O pai da menina chegou a conseguir a documentação para que pudesse importar o canabidiol, mas o medicamento era caro demais para o bolso da família.

Caso de superação

Em outubro deste ano, o R7 DF mostrou a história da garotinha Anny Fisher, de 7 anos, que usa o medicamento com componentes derivados da maconha há 18 meses. Desde que começou a ingerir o remédio, ela sofre muito menos com uma síndrome de epilepsia, e aos poucos, consegue mais qualidade de vida na rotina diária.

Se antes Anny tinha até 80 crises convulsivas por semana, hoje o uso controlado do canabidiol diminuiu esta média para apenas quatro, no mesmo período. A mãe dela, Katiele Fisher, fala com felicidade sobre a evolução da filha e faz planos para que ela estude no ensino especial da escola a partir do ano que vem.

— Ela está super bem, teve uma boa melhora dentro dos limites da síndrome. Está mais presente, mais consciente do mundo a sua volta, o que é muito legal. Ela ainda não fala, nem anda, mas se mexe para todo lado e sorri. O objetivo é garantir um pouco mais de qualidade de vida, e isso ela tem.

Opinião de especialista

O neurocientista e professor da UnB (Universidade de Brasília), Renato Malcher, explica que o canabidiol funciona para impedir a superativação das células do cérebro, e impede que a síndrome leve a efeitos mais graves, como a morte dos neurônios e a dificuldade no aprendizado.

— O que o medicamento faz é atuar no sistema por meio de substâncias que normalmente são produzidas pelo próprio cérebro. Tomando o canabidiol de forma controlada, ela consegue frear o excesso de ativação e, com o tempo, o cérebro volta a se desenvolver e ter aspectos cognitivos que eram comprometidos pela epilepsia.

Malcher explica ainda que, embora seja derivado da maconha, o canabidiol isolado não possui o efeito de psicoatividade que a droga tem.

 

Fonte: R7