"Nossa cultura é de remediar, não de prevenir", diz especialista em câncer

Todos os anos 69 mil casos de câncer de próstata são diagnosticados no Brasil. O tumor tem 90% de chances de ser curado quando diagnosticado, ainda assim cerca de 13,7 mil homens morreram por conta da doença em 2014.

Os dados do Instituto de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) mostram que o país ainda tem um grande desafio pela frente: a conscientização em torno da doença. O que acontece para o desenvolvimento do tumor é uma multiplicação desordenada das células da glândula - se o câncer está presente, ela endurece.

Quando há o início da ocorrência do câncer, o paciente pode perceber um aumento da próstata, mais vontade de urinar, bem como dificuldade em fazê-lo. Esses sintomas também podem ser normais ao envelhecimento do homem, fazendo com que o tumor muitas vezes passe despercebido como algo comum, fazendo com ele chegue em um estágio avançado em que o tratamento com cura é mais difícil de ser realizado.

“Há a necessidade de conscientizar as pessoas a respeito da doença. Temos que ressaltar a importância de ir ao médico preventivamente em vez de somente quando sente dor”, explica o doutor Daniel Herchenhorn, especialista em urologia, em entrevista à GALILEU durante o 3º Congresso Internacional Oncologia D’Or, realizado entre os dias 13 e 14 de novembro, no Rio de Janeiro.

Por ter uma cultura de “remediar em vez de prevenir”, o Brasil acaba gastando mais com tratamento do câncer em estágio avançado do que na prevenção. Nos Estados Unidos, por exemplo, a avaliação do Antígeno Prostático Específico (PSA), substância produzida pela glândula prostática foi adotada - se o PSA está acima de 4 ng/ml, provavelmente há um tumor presente -, levando a uma redução de 30% na mortalidade por conta do câncer de próstata.

No Brasil esse tipo de exame ainda não é totalmente acessível à população. “Ainda existe no Brasil um distanciamento a respeito do que é câncer, circulam várias noções erradas sobre o que é a doença”, afirma Herchenhorn. “Isso porque ela atinge um a cada oito homens.”

A melhor forma de diagnóstico ainda é criar o hábito de visitar o urologista por rotina e realizar o exame de toque retal, no qual o médico pode verificar se há alguma alteração na glândula.

Outubro é rosa por ser o mês de prevenção do câncer de mama, já novembro é azul por ser de prevenção ao câncer de próstata. Vale ficar de olho nas ações da campanha Novembro Azul, realizada desde 2012 pelo Instituto Lado a Lado pela Vida e passar as informações de prevenção adiante.

Fonte: Galileu