Remédio contra doenças parasitárias pode ser nova arma contra malária

Ivermectin, um medicamento usado no tratamento de infecções causadas pelos vermes nematódeos, tem um efeito colateral que está sendo investigado. Na década de 1980 um estudo revelou que o medicamento matava artrópodes (carrapatos, ácaros, insetos etc.) que picavam pessoas medicadas com Ivermectin. Essa descoberta levou alguns pesquisadores a questionar se o remédio poderia ser usado para eliminar os mosquitos transmissores da malária. Estudos preliminares sugerem que o medicamento poderia ter esse efeito, porque os mosquitos se envenenam ao picarem pessoas que haviam feito uso do remédio.

Além disso, mesmo se o mosquito resistisse ao efeito do medicamento, o Ivermectin conseguiria eliminar os parasitas da malária presentes no organismo do inseto. E, como o Ivermectin é receitado rotineiramente para o tratamento da filariose linfática (uma doença muito desagradável que causa uma intumescência dos membros e dos órgãos genitais), oncocercose e outras doenças parasitárias, era bem provável que fosse útil no tratamento da malária. Mas ninguém avaliou a dimensão desse efeito.

Um estudo apresentado por Brian Foy da Universidade Estadual do Colorado na conferência anual da American Society of Tropical Medicine and Hygiene, na Filadélfia, deu uma nova visão do uso desse medicamento no combate à malária. Foy e seus colegas fizeram um pequeno teste clínico em Burkina Faso, com a finalidade de avaliar o impacto do remédio na incidência da malária. Em quatro vilarejos incluídos no teste, todas as pessoas com exceção das mulheres grávidas e crianças muito pequenas tomaram cinco doses de Ivermectin, com intervalos de três semanas. Em outro grupo de vilarejos as pessoas tomaram só a primeira dose, como recomendado nos tratamentos anuais de rotina de doenças parasitárias.

Segundo Brian Foy, as doses extras de Ivermectin diminuíram o número de casos de malária em crianças com menos de 5 anos em 16%, mesmo que essas crianças não estivessem tomando o medicamento. Isso equivaleria a eliminar cerca de um caso de malária por criança ao longo de dois anos.

 

Fonte: Opinião e Notícia