Dar um medicamento a uma criança sem consultar um pediatra, repetir receitas antigas, ou, ainda, aumentar a dose e encurtar o tratamento, são procedimentos muitas vezes comuns entre os pais. Mas eles podem levar a consequências graves para os pequenos. No Brasil, os medicamentos são a principal causa de intoxicação, sendo que as crianças menores de cinco anos representam de 35% dessa ocorrência.
Um 'simples' sulfato ferroso, para anemia; ou o paracetamol, utilizado para dor e febre, parecem inofensivos, mas podem causar intoxicações graves, principalmente em crianças pequenas, podendo levar até à insuficiência hepática e à necessidade de transplante.
Outro problema são os descongestionantes nasais, de uso tópico ou sistêmico, que, nos menores de dez anos podem provocar agitação, arritmia e até parada cardíaca, mesmo que a criança já os tenha utilizado antes. O ibuprofeno, usado pra febre, dor e inflamação, é mais um exemplo de remédio que pode causar desidratação e até insuficiência nos rins, dependendo da dose.
Desde que a Anvisa determinou a retenção da receita na farmácia para venda de antibióticos, os casos de automedicação envolvendo crianças caíram drasticamente. Por outro lado, tem aumentado o uso de corticoides (orais ou inalatórios), medicamentos cuja base são os hormônios, muito utilizados no tratamento de doenças alérgicas e respiratórias, como crises de asma e sinusites. Os pais percebem que esse tipo de tratamento traz melhoras muito significativas dos sintomas e começam a aplicar repetidamente. Mas, o uso repetido em doses e tempo de tratamento incorretos, pode interferir no crescimento da criança, no ganho de peso e levar até à insuficiência de hormônios produzidos naturalmente pelo organismo.
É importante que vocês saibam que, quando um medicamento é descoberto, leva-se cerca de 20 anos até ele chegar às prateleiras da farmácia. São anos de testes em adultos saudáveis, porém, crianças, idosos e gestantes não são testados, ou seja, nenhum medicamento tem sua segurança e eficácia testada em crianças. Isso faz com que muitos medicamentos não tenham dose para crianças em suas bulas. O organismo de uma criança está em constante evolução, o que torna o uso de medicamentos um risco, pois os efeitos podem ser bem diferentes de uma fase para outra. Muitos medicamentos em pediatria são administrados em relação ao peso da criança. Cuidado, criança não é um adulto pela metade!
Leia o rótulo! Se tiver escrito “uso adulto” somente, não use no seu filho. Procure a versão pediátrica do mesmo medicamento.
Menores de dois anos não devem utilizar antialérgicos ou medicamentos para tosse. Essa orientação e indicada em todas as embalagens desses medicamentos. Procure orientação de um pediatra.
Utilize o dispositivo para dose que vem na embalagem, ou seja, não substitua a seringa que marca os ml que você deve dar por uma colher de chá. O aumento da dose aumenta a toxicidade e não o efeito.
Não deixe medicamentos ao alcance das crianças. Eles devem ser guardados em armários fechados e em uma altura que impeça o acesso das crianças a eles. O gosto agradável é, muitas vezes, o interesse da criança para utilizar o medicamento. Evite intoxicação pelo excesso de dose também.
Em casos de doenças, procure o médico ou o posto de saúde, siga corretamente as instruções dadas na prescrição médica, faça a leitura da bula e tire suas dúvidas com o farmacêutico.
Fonte: iSaúde Bahia