Empresário americano sobe preço de remédio de US$ 13,5 para US$ 750

Da noite para o dia, um medicamento criado há 62 anos, usado para o tratamento de doenças infecto parasitárias com risco de vida, como Aids e Malária, teve seu preço aumentado de US$ 13,50 para nada menos que US$ 750. A decisão foi da farmacêutica americana Turing Pharmaceuticals, recém-criada pelo empresário Martin Shkreli, de 32 anos, dono da droga pirimetamina desde agosto.

Ao mesmo tempo em que Shkreli pagou para a farmacêutica Impax US$ 55 milhões pelo direito de venda da medicação, o empresário levantou US$ 90 milhões com investidores para a sua nova empresa. Aumentou então, de uma só vez, o preço do remédio com o argumento de que usaria o dinheiro a mais para investir em novas drogas.

O fato deixou especialistas em doenças infecciosas e usuários da droga enfurecidos com a situação. Isso porque, além de aumentar em milhões o custo anual do tratamento com o uso da medicação, as acusações é de que o aumento visa apenas o lucro da empresa. O reflexo dessa revolta pode ser visto nos posts das pessoas nas redes sociais.

Pouco saudável

O histórico da carreira de Shkreli mostra que o empresário tem uma visão pouco saudável de como lidar com uma companhia cujo fim é promover tratamento de saúde. Em 2011, ele fundou uma empresa que comprou direito de drogas antigas e, da mesma maneira, aumentou os preços sem justificativa. Um dos conselheiros da Retrophin acusou o antigo chefe de usar a companhia como um cofrinho pessoal para pagar investidores ávidos por lucros, sem pensar na missão do negócio.

Sobre a Turing, os americanos questionam o que mudou na medicação em menos de um mês para que seu preço fosse multiplicado em mais de 50 vezes.

Também colocam em questão o fato da despreocupação da empresa com o fornecimento de um remédio essencial para tratar a toxoplasmose, que pode causar doenças graves e até fatais em bebês nascidos de mulheres que se infectaram durante a gravidez. A droga também é usada para as pessoas com sistemas imunológicos comprometidos, como pacientes com AIDS, Malária e de certos tipos de câncer. Shkreli se defende e diz que essa é uma tentativa da empresa se manter no azul.

De acordo com uma entrevista dele ao New York Times, muitos pacientes usam a medicação por muito menos do que um ano. O preço, segundo ele, teria de estar alinhado ao de outros também usados para tratar doenças raras. "Este ainda é um dos produtos farmacêuticos mais baratos do mundo e não faz sentido qualquer crítica sobre isso (aumento de preço)", disse o empresário.

Fonte: Exame