Quarentena de 21 dias para o ebola pode não ser o suficiente, alerta estudo

O período que a Organização Mundial da Saúde (OMS) adota como o mais apropriado para manter em isolamento indivíduos potencialmente expostos ao ebola é de 21 dias. Segundo a agência, este é o máximo de tempo que uma pessoa infectada pode permanecer sem apresentar sintomas, é o chamado período de incubação. Depois destas três semanas, os pacientes assintomáticos costumam ser liberados. O problema é que um estudo recente chamou a atenção para a inexistência de uma discussão sistemática sobre a eficácia de uma quarentena com esta duração específica.

O artigo publicado nesta terça-feira (14/10) no periódico PLOS Currents: Outbreaks fez uma análise mais abrangente dos dados de epidemias de ebola que ocorreram nas últimas décadas e também dos primeiros nove meses da atual. Charles Haas, autor da pesquisa, afirma que a origem do protocolo dos 21 dias seguido pela OMS não é clara, mas que provavelmente esteja vinculada com dois estudos: um sobre o surto no Zaire em 1976 e outro a respeito da onda de casos em Uganda no ano 2000. Ambos relatavam, sem análises detalhadas, que este era o máximo da incubação.

No entanto, o levantamento de Haas mostrou que o período pode variar substancialmente entre uma epidemia e outra. No caso registrado no Congo em 1995, por exemplo, o tempo que uma pessoa infectada poderia permanecer assintomática chegava a 31 dias. A conclusão do pesquisador foi que, de 0,1 a 12% das vezes, um paciente apresenta um período de incubação maior do que três semanas.

"Mesmo que o valor da quarentena de 21 dias usada atualmente tenha surgido a partir de interpretações razoáveis dos dados dos primeiros surtos, este trabalho sugere que uma reconsideração é oportuna e que 21 dias podem não proteger a saúde pública suficientemente", escreveu Haas, que sugere uma revisão pautada pelo custo-benefício. O autor ressaltou também a importância do registro cuidadoso dos dados sobre a atual epidemia na África Ocidental, pois podem ajudar ativamente neste processo.

 

Fonte: Revista Galileu