Uma luz sobre o mal de Alzheimer

Pessoas mais velhas não podem ignorar a vitamina D. No maior estudo já feito sobre o tema, um grupo internacional de pesquisadores constatou que a falta desse nutriente aumenta substancialmente o risco de desenvolver demência e o mal de Alzheimer a partir dos 65 anos. A pesquisa, publicada na revista Neurology, investigou níveis da substância no sangue de 1.658 participantes. Ao longo de seis anos de acompanhamento, 171 haviam desenvolvido algum tipo de demência e 102 foram diagnosticados com Alzheimer.

Entre os indivíduos com deficiência moderada de vitamina I) substância obtida principalmente pela exposição ao sol . o risco de ter algum tipo de demência foi 53% maior á a probabilidade de desenvolver Alzheimer foi mais alta. quando comparada à de pessoas com taxas normais do nutriente. No início do estudo, todos os participantes eram independentes e não tinham problemas cognitivos. doenças cardiovasculares nem haviam sofrido derrames.

"Nós esperávamos encontrar uma associação entre baixos níveis de vitamina D e risco de demência e Alzheimer, mas os resultados foram surpreendentes. De fato, descobrimos que essa associação é duas vezes mais forte do que o imaginado", comentou David Llewellyn, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Exeter e um dos autores da pesquisa. "Agora, são necessários estudos clínicos para estabelecer se ingerir alimentos como óleo de peixe ou tomar suplementos de vitamina D pode atrasar ou mesmo prevenir o surgimento do mal e de outras demências."

O pesquisador frisou a necessidade de lidar com os dados cautelosamente. "Nossos resultados não demonstram que as taxas baixas de vitamina causam demência", ressaltou. "Dito isso, são descobertas muito encorajadoras. Mesmo se apenas um pequeno número de pessoas puder se beneficiar, isso teria implicações enormes para a saúde pública."

A demência é um dos principais desafios contemporâneos, com 44 milhões de casos em todo o mundo número que deve triplicar em 2050, como resultado do rápido envelhecimento populacional. Acredita-se que 1 bilhão de pessoas em todo o planeta apresentem níveis baixos de vitamina D e muitos idosos têm, em conseqüência, problemas de saúde diversos, como osteoporose.

Essa pesquisa é a primeira em larga escala a investigar a relação entre a vitamina D e o risco de demência. O diagnóstico foi feito por uma equipe multidisciplinar, que usou diversas técnicas, incluindo neuroimagens. Estudos anteriores haviam detectado que taxas baixas da substância estavam relacionadas com maior número de problemas cognitivos, mas o novo estudo, além de confirmar a informação, encontra uma associação ainda mais significativa do que se acreditava.

A vitamina D vem de três principais fontes: exposição ao sol, alimentos como óleo de peixe e suplementos. A pele dos idosos pode ser menos eficiente para converter a luz em vitamina, o que faz dessa faixa etária uma população em risco para a deficiência de vitamina D. Em muitos países, a quantidade de radiação UVB no inverno também é muito baixa para permitir a produção do nutriente. De acordo com os pesquisadores, níveis acima de 50nmol/l de sangue são ideais para manter a saúde do cérebro.

"Lançar luz sobre fatores de risco da demência é uma das tarefas mais importantes hoje para pesquisadores da saúde. Enquanto estudos anteriores sugeriram que a falta da vitamina solar está associada a um aumento no risco do Alzheimer, este descobriu que pessoas com níveis muito baixos têm probabilidade mais de duas vezes maior de desenvolver qualquer tipo de demência", comentou Doug Brown, diretor de pesquisa e desenvolvimento da Sociedade de Alzheimer. "Durante os verões mais quentes, apenas 15 minutos de praia são suficientes para elevar seus níveis de vitamina D. Porém, não sabemos dizer ainda se a luz do sol ou os suplementos vão reduzir seu risco de ter demência. Pesquisas de larga escala são necessárias para isso", observou.

Fonte: Estado de Minas