DISCURSO: Congresso Científico do Mercado Farmacêutico

Rio de Janeiro, 15 de maio de 2014

 

 

Autoridades públicas presentes, mestres, doutores, pesquisadores, amigos farmacêuticos,

 

É com muita alegria que me dirijo a todos vocês, neste Congresso Científico do Mercado Farmacêutico, um evento que se propõe a unir todos os agentes de um setor importante em nosso País.

Setor este que começou a viver uma nova era com a aprovação da Resolução Nº 586, de 29 de agosto do ano passado, por unanimidade da Plenária do Conselho Federal de Farmácia (CFF), que regulamenta a prática da prescrição farmacêutica no Brasil.

Definida pela Resolução como ato pelo qual o farmacêutico seleciona e documenta terapias farmacológicas e não farmacológicas, e outras intervenções relativas ao cuidado à saúde do paciente, a prescrição farmacêutica surgiu não apenas como novas possibilidades de valorização profissional, mas, principalmente, com o objetivo de promover, proteger e recuperar a saúde, além de prevenir doenças.

A prescrição é uma atribuição clínica do farmacêutico e deve estar focada nas necessidades de saúde do paciente, nas melhores evidências científicas, em princípios éticos e em conformidade com as políticas de saúde vigentes. Seu exercício deve estar fundamentado em conhecimento e habilidades que garantem a autonomia técnica do profissional, como a fisiopatologia, a comunicação interpessoal, a farmacologia clínica e terapêutica, e a semiologia farmacêutica.

A semiologia farmacêutica... Palavra que muitos não ouvem desde os tempos da faculdade, não é mesmo? A semiologia tem por objetivo propiciar a identificação de sinais e sintomas das enfermidades mais frequentes e importantes na prática da atenção farmacêutica, como os sintomas gerais (febre, emagrecimento, vertigem), respiratórios, cardiovasculares, gastrointestinais, entre outros.

Sim, temos muito que desenvolver no campo da prescrição!

No entanto, toda ação pressupõe uma reação, todo avanço implica em adaptação, o que redunda em críticas e reclamações. Especialistas em liderança e gestão costumam dizer que o espaço mais perigoso para se ocupar é o da inovação. Isso porque a maior parte das ações inovadoras é compreendida muito tempo depois.

Assim será com a prescrição farmacêutica. Há um espaço imenso a ser ocupado, espaço hoje tomado, especialmente no Brasil, pela automedicação. Pesquisa recente de um instituto de prestígio nacional apontou que 76% dos brasileiros se automedicam, sendo que 32% fazem ainda pior: aumentam a dose do medicamento. Pasmem, caros amigos, mas houve quem defendesse a automedicação em artigos de jornal logo depois de divulgado o estudo. Sob um argumento bem simples: é melhor se automedicar, para diminuir os sintomas de males menores, de viroses e doenças do gênero, do que sofrer nas filas de hospitais.

Pensamentos como esses demonstram o espaço perdido por todos nós, farmacêuticos, posição que a prescrição farmacêutica poderá nos fazer ocupar novamente. Para isso, será necessário um esforço de qualificação técnica dos profissionais, de avanço em nossos cursos universitários de Farmácia, entre várias outras iniciativas em prol das quais o Conselho de Farmácia do Estado do Rio de Janeiro se coloca prontamente para trabalhar.

E todos nós aqui faremos isso porque sabemos ser todas essas iniciativas condizentes com a causa sob a qual todos juramos defender um dia: a saúde da população brasileira, da qual devemos ser guardiões fiéis e capacitados.

Bom congresso a todos!

Muito obrigado.