Farmacêuticos voltam às ruas contra MP 653/2014

Farmacêuticos, acadêmicos e lideranças do setor, voltaram a se manifestar contra a aprovação da Medida Provisória 653/2014, que flexibiliza a presença dos farmacêuticos em farmácias e drogarias, prejudicando a população de todo o País. Eles se reuniram nas escadarias da Câmara dos Vereadores - Cinelândia, Centro do Rio.

Com palavras de ordem, faixas, cartazes e panfletando à população, o objetivo era esclarecer sobre como seria danoso para o usuário de medicamento ficar sem o serviço de assistência farmacêutica em farmácias. O aposentado Jorge Francisco, de 69 anos, foi enfático no apoio ao protesto e à presença incondicional do farmacêutico. Ele contou que a esposa teve um problema de saúde, passou por três hospitais públicos, somente conseguindo atendimento no último. Após os procedimentos, o médico prescreveu um medicamento e ao chegar à farmácia, veio o esclarecimento, na pessoa do farmacêutico de uma rede de farmácias, que aquele medicamento era destinado para outra situação. O aposentado, afirmou que sua esposa foi salva pelo farmacêutico e concluiu que não quer ficar sem o serviço desse profissional.

 

Segundo Marcus Athila, presidente do CRF-RJ, que esteve presente na manifestação, "a 653 é um grande golpe para a profissão farmacêutica e deixa a população, já tão abandonada pelo poder público, sem o direito de ter o farmacêutico para lhe prestar seus serviços." Athila acrescentou ainda que "após a vitória da publicação da 13.021/2014, que reconhece a farmácia como estabelecimento de saúde, a MP 653 descaracteriza toda a assistência ao paciente, que só o farmacêutico é capaz de dar".

Para Maria Letice Couto de Almeida, presidente da ABF – Associação Brasileira de Farmacêuticos, "o farmacêutico é o último elo da cadeia que pode detectar um engano, já que ele conhece o medicamento e o seu fim." Maria Letice disse ainda que "as profissões de médico e de farmacêutico se complementam e não se pode retirar o serviço do farmacêutico das farmácias e drogarias, por conta de redução de custos."
José Liporage, diretor do Sinfaerj – Sindicato dos Farmacêuticos do Rio de Janeiro, disse que "sem a flexibilização, já existe um número imenso de erros e intoxicação por medicamento, imagine o impacto na saúde pública, se a MP 653 for aprovada." Liporage acrescentou que, nesse momento de crise, os profissionais farmacêuticos de todo o país estão unidos, contra a MP 653.

A estudante de farmácia, Monique do Carmo, do primeiro período da Faculdade Celso Lisboa, disse que escolheu a profissão por amor e vai defendê-la "com unhas e dentes", além disso, considera que os estudantes são o futuro do exercício farmacêutico e se mobiliza contra a MP 653, que pode afetar diretamente postos de trabalho.

Em todo o país estão sendo realizadas manifestação contrárias à aprovação da Medida Provisória 653, que está na pauta de votação do Senado para esta quinta-feira, dia 27 de novembro.