Adolescente com pai ou mãe fumante tem o dobro de risco de se tornar dependente de nicotina

Quanto mais as pessoas fumam, maiores os riscos de terem um filho adolescente que fuma. Uma pesquisa de cientistas da Universidade de Columbia e do Instituto de Psiquiatria de Nova York mostra que o adolescente corre um risco muito mais grave de se tornar dependente de nicotina se um de seus pais for dependente da substância. A constatação é ainda mais nítida quando se trata de uma menina que tem mãe fumante.

Em geral, segundo o estudo, adolescentes têm três vezes mais chances de fumar ao menos um cigarro se eles forem filhos de um fumante. Além disso, esses jovens têm duas vezes mais probabilidade de se tornarem viciados em nicotina se eles forem filhos de um dependente.

Reunindo dados da Pesquisa Nacional sobre Uso de Drogas e Saúde, a equipe se concentrou nas respostas de 35 mil pares de adolescentes e seus pais a respeito do hábito de fumar e da dependência em nicotina. Informações como a consciência sobre os riscos do cigarro, depressão e uso de álcool e outras drogas também foram levadas em conta, além da qualidade da vida familiar. Os pais acompanham a vida dos filhos? Há muitos conflitos dentro de casa?

Entre os adolescentes cujos pais nunca fumaram, apenas 13% admitiram ter fumado ao menos uma vez. Por outro lado, entre os jovens que têm pai ou mãe dependente de nicotina, 38% já fumaram ao menos uma vez.

Meninas têm risco quatro vezes maior de dependência
Entre os adolescentes que já fumaram ao menos uma vez, mas cujos pais nunca fumaram, 5% se tornaram viciados em nicotina. Entre aqueles que já fumaram pelo menos uma vez e são filhos de pai ou mãe dependente, 15% se tonaram também dependentes de nicotina.

Entre as filhas adolescentes, a situação é pior. As meninas têm quatro vezes mais riscos de se tornarem dependentes de nicotina quando as mães delas são viciadas.

Diversos outros fatores aumentam o risco de um adolescente fumar ao longo de toda a sua vida e ser viciado em nicotina, incluindo a escolaridade dos pais, o estado civil, a qualidade de cuidados dos pais e a consciência sobre os riscos que o cigarro representa. Além disso, a impressão que o adolescente tem dos amigos que fumam, uso de maconha e saúde mental também desempenham um papel.

"A maioria dos fumantes começa na adolescência. Como esse estudo mostra, os pais exercem uma influência poderosa", afirma o principal autor da pesquisa, Denise Kandel, professor de Ciências Sociomedicinais em Psiquiatria da Universidade de Columbia. "Para evitar que adolescentes comecem a fumar, precisamos convencer os pais deles". Uma estratégia promissora é conversar com os pais sobre isso durante as consultas pediátricas.

Fonte: O Globo