Farmácias querem se tornar centros médicos

A estimativa da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) é que a maioria dos associados já faça algum serviço agregado à operação: 51% das redes ministram medicamento injetável; 33% verificam a pressão arterial e 10% fazem teste de glicemia capilar. Com a obrigatoriedade de se ter um farmacêutico no ponto de venda em tempo integral, a entidade pleiteia agora junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a regulamentação da clínica médica.

Hoje, a Lei 13.021/14 permite que o farmacêutico acompanhe o tratamento do paciente e aplique vacinas. "Atendemos mais de 800 milhões de pessoas em 2014. Podemos ampliar isso", declarou o presidente da Abrafarma, Sergio Mena Barreto. Segundo ele, porém, além da falta de regulamentação, a inserção de serviços de clínicas nas lojas sofre pressão dos médicos. "Existe uma ação do Conselho de Medicina contra o Conselho Regional de Farmácias. Eles afirmam que atendimento de saúde deve ser apenas feito por médicos". Mas isso não tem sido impedimento para que redes como Panvel e Drogaria Venancio invistam no serviço. Muito similar ao utilizado nos Estados Unidos, as clínicas podem até ser uma forma de rentabilizar a operação farmacêutica no Brasil. "Nos EUA tem até médico nas farmácias, mas é claro que aqui a ideia não é a de substituirmos os médicos."

Quem já deu início ao projeto de mais serviços nas lojas foi a Pague Menos, com quase 130 - dentre as 790 lojas - que já contam com as Clinic Farmas. O presidente da rede, Deusmar Queiroz afirmou que a meta é fechar o ano com 250 unidades e contabilizar mil operações junto às lojas até 2017. Para o empresário, o farmacêutico é muitas vezes o contato mais próximo do consumidor a um especialista capacitado para pequenas demandas. Por isso, a regulamentação da função ajudará a desafogar o SUS. "Tem gente que demora meses para conseguir uma consulta básica. Podemos ajudar."

Queiroz explicou que as Clinic Farmas medem pressão arterial e fazem testes simples de glicose. Ele acredita, porém, na ampliação dos serviços. "O farmacêutico é capaz de trabalhar com vacinas. Não é preciso mais contratar cubanos. Basta autorizar os profissionais que estudaram tanto e capacitá-los a prestar esse serviço." Hoje, as vacinas de imunização são aplicadas apenas em clínicas especializadas ou em postos de saúde.

Cuidador

Pesquisa do Ibope Inteligência aponta que o consumidor verá o farmacêutico como cuidador. O estudo apontou que 53% dos entrevistados creem na importância do papel do farmacêutico no futuro das farmácias. Outros 51% fariam exames preventivos no local e 48% aceitariam receber do farmacêutico um programa de tratamento contra o tabagismo. "O consumidor quer mais serviços nas farmácias", afirmou a CEO do Ibope, Márcia Cavallari Nunes. "Aprovamos autotestes e isso beneficia as farmácias. Estamos empenhados em tudo isso", disse o diretor de regulamentação sanitária da Anvisa, Renato Porto.

Fonte: DCI