Levantamento mostra aumento no uso de sibutramina no Brasil

Um levantamento feito pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mostra que não para de crescer no Brasil o consumo de sibutramina, um remédio para controlar o apetite, proibido na Europa e nos Estados Unidos. Os efeitos colaterais da sibutramina podem ser perigosos. No Brasil, ele é liberado, com restrições.

A sibutramina é um remédio controlado de tarja preta. Tem um limite de dose por dia e o tratamento tem que durar no máximo dois meses. Se o remédio não fizer efeito em quatro semanas, o médico deve suspender a receita. Desde 2011, o uso da sibutramina é bastante restrito.

O médico só pode receitar a substância, que inibe o apetite, quando o paciente é obeso. Médico e paciente ainda são obrigados a assinar um termo de responsabilidade. Na época, isso teve um efeito imediato na venda da sibutramina: o consumo caiu, mas depois o uso do remédio voltou a subir.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária diz que em 2011 foram vendidas 3,7 milhões de caixas de sibutramina. Em 2012 e 2013, foram mais de dois milhões. No ano passado, foram quase três milhões de caixas.

Para a Anvisa, o aumento no uso da sibutramina pode estar relacionado ao fato de outros inibidores de apetite terem sido retirados do mercado. Há quatro anos, a Anvisa cancelou o registro de medicamentos a base de anfetaminas. Hoje, a sibutramina é a única substância que diminui a vontade de comer registrada no Brasil.

Não é qualquer pessoa que pode tomar esse medicamento. Há restrições, para quem tem problemas no rim e no coração, como palpitações, arritmias e pressão alta.

"A sibutramina é um medicamento útil quando bem empregado e quando respeitado todas as restrições ao uso", fala o médico Carlos César Schleicher.
Gabriel Neri já tomou remédio para emagrecer à base de sibutramina. Fotos mostram a época em que ela pesava quase 100 kg. Chegou a perder 12 kg em um ano. O problema é que sem a medicação, ela engordou tudo de novo.

"Fez o efeito de emagrecer muito. Depois eu voltei a engordar. Aí engordei o dobro", conta.

Hoje Gabriela pesa 84 kg. Faz dieta com nutricionista e vai para a academia todos os dias. Se antes gostou da ajuda do remédio, hoje pensa diferente.
"O melhor jeito é você botar na cabeça que você quer emagrecer e manter uma alimentação saudável e dieta”, fala Gabriela.

No ano passado, o Congresso Nacional suspendeu a decisão da Anvisa que cancelou os registros dos remédios à base de anfetamina, mas até agora nenhum fabricante manifestou interesse em produzir o produto novamente.

Fonte: Jornal Hoje