Professor do QUALIPHARMA aborda relação entre poluição e câncer em entrevista

Professor do curso de Fisiopatologia do Câncer do QUALIPHARMA, Lucas Rodrigues foi entrevistado pelo site de Pós-graduação Executiva em Meio Ambiente da Coppe/UFRJ. Doutorando em biofísica na universidade, ele tem mestrado em Imunologia e Inflamação, também pela UFRJ, e desenvolveu um projeto voltado para novos tratamentos em câncer. Confira a entrevista.

De todas as fontes de poluição, qual tem o maior potencial para causar o câncer?
A fonte de poluição que tem maior potencial para causar câncer é a poluição atmosférica, pois contribui diretamente de duas formas para aumentar o risco do surgimento da doença. Em primeiro lugar, através das indústrias e automóveis que liberam todos os dias, principalmente nas grandes cidades, uma quantidade significativamente alta de moléculas com grande potencial cancerígeno. As metrópoles registram uma maior concentração de pessoas que estão submetidas ao ar poluído constantemente. Ao inalar as substâncias tóxicas presentes no ar, um indivíduo expõe as células da mucosa do trato respiratório à ação de agentes com alta propriedade mutagênica, aumentando a possibilidade do surgimento de câncer. E temos também a poluição atmosférica, que está diretamente relacionada ao aquecimento global e ao buraco da camada de ozônio, possibilitando uma maior incidência dos raios ultravioletas provenientes do Sol, que também apresentam alto potencial cancerígeno.

Quais os principais tipos de câncer que podem ser causados pela poluição?
Para contribuir com o surgimento do câncer, um agente cancerígeno precisa entrar em contato com as células do organismo, logo, os órgãos mais afetados são as vias de entrada destes agentes: a via respiratória, via cutânea ou dérmica e via digestiva ou oral (que compreende o sistema formado por boca, faringe, esôfago, estômago e intestino). Portanto, fica evidente o problema gerado pela poluição na saúde humana.

Quais países estão sendo mais afetados e por quê?
A partir da Revolução Industrial, os países iniciaram uma busca incessante por alta produtividade a qualquer custo. Isso gerou graves problemas ambientais no mundo inteiro, e somente nas últimas décadas houve o despertar da conscientização global para reparar e/ou retardar tais danos ao meio ambiente. De certa forma, todos os países são afetados pela poluição gerada pela industrialização, porém, nos últimos anos, o desenvolvimento industrial desenfreado na China desencadeou altos índices de poluição do ar, solo e água, ocasionando grandes problemas de saúde no país. Há diversos estudos apontando um aumento considerável no número de novos casos de câncer na China nos últimos anos, principalmente nas cidades mais poluídas.
Gostaria de destacar ainda que São Paulo também tem apresentado grandes índices de poluição do ar, gerando problemas sérios à saúde humana, incluindo o aumento no número de casos de câncer.

O que poderia ser feito para reduzir os riscos?
Há a necessidade de um controle mais rigoroso na emissão de substâncias tóxicas com potencial cancerígeno comprovado. Uma alternativa interessante é impedir indústrias de se instalarem próximas a regiões com alta taxa demográfica, diminuindo assim a exposição humana aos agentes. Como os automóveis possuem grande influência na emissão de substâncias tóxicas, uma das intervenções aconselháveis é melhorar o transporte público, incentivando a redução do número de carros nas ruas, o que aliviaria o trânsito e consequentemente diminuiria as emissões provenientes dos automóveis. Investir em energias limpas e sustentáveis também melhoraria a qualidade do ar, principalmente nos grandes centros urbanos.

Por que escolheu este tema como seu TCC e como o MBE/Coppe/UFRH (pós-graduação em meio ambientel) lhe ajudou na sua carreira?
Escolhi esse tema porque defendi meu mestrado recentemente, no qual desenvolvi pesquisa relacionada ao tratamento do câncer, e fiquei chocado com os números alarmantes dos últimos anos, que apresentam alta taxa de crescimento anualmente não só no Brasil, mas também no mundo. Durante as aulas no MBE, percebi que poderia relacionar o meu conhecimento prévio sobre esta doença com os problemas gravíssimos de poluição.
Após a conclusão do MBE, eu iniciei o doutorado na UFRJ. Não estou trabalhando na área ambiental, ainda, mas, com certeza, este título ajudará muito em minha carreira, pois sempre me interessei pelo tema e tenho pretensão de trabalhar na área no futuro.

 

Fonte: MBE/Coppe/UFRJ